Sempre tive um certo fascínio por presépios e desde criança que recordo o ritual de ir à mata apanhar musgo e cortar um pinheiro que nos parecesse mais farfalhóti para compor o nosso Natal. Felizmente já não cortamos pinheiros, mas a tradição do presépio está a renascer.
Atualmente há dezenas de ideias e formatos de presépios mas continuo a preferir o tradicional que faz parte da família há quase 50 anos. Um conjunto de figuras de loiça, antiquíssimas que a minha avó foi comprando, certamente com grande sacrifício, para mimar os filhos na altura do Natal. Um presépio que a minha mãe recriava em criança, depois passou por mim, pela minha irmã e agora chegou a vez de transmitir o espírito ao meu petiz. Um presépio repleto de quincadas, cabeças decapitadas e cores a esfumarem-se mas que adoro precisamente pelo seu ar vintage!
Ontem dediquei a noite a criar-lhes um verdadeiro Resort 5 estrelas TI. Não encontrei musgo porque não há matas como antigamente mas comprei numa florista. Aposto que o valor que paguei pelo tapete de fungos (Briófitos para os científicos) deve ter sido 5x mais caro que a totalidade das figuras que a minha avó foi colecionando!
Como base utilizei um tabuleiro forrado com um saco do Lixo e cobri com o musgo. Escolhi o tabuleiro para poder transportar o resort e o saco para regar o musgo sem estragar o tabuleiro que muitos pequenos almoços serve nos domingos de malandrice! Depois foi só tentar enquadrar todas as figuras e distribuir os serviços pela aldeia, nomeadamente Igreja, poço, fonte, moinho. Belém é hoje uma vila pacata e feliz, mal sabe o que está para acontecer na madrugada do dia 25 de Dezembro.